Um adeus a S4inT
Num cruzeiro, neste mar de simples vida,
Não prometo maravilhas ao teu pé.
Cada dia pode ser a despedida,
Pois ignoro qual o tipo de maré.
Águas brandas, agitadas, ou meio-termo,
Oscilando, quais ondas de inquietação,
Condenando qualquer gruta, ou palco,
A esvair a bolsa de respiração.
Outros barcos ameaçam nossa nau
Dos confins dos sete mares avisados
Atracando junto de qualquer calhau
Quando sabem poder ser abalroados.
Eu queria inundar-te, gota a gota,
Com magia de alegria de viver,
Consolar-te, na calma,
E amar-te até ver o Sol nascer.
Desejava retirar o olhar triste
Que perfura o tambor do meu semelhante
E mostrar-te como é que se resiste
A um mundo que tem pouco de excitante.
Pretendia abraçar-te sem demora,
Aninhar-te num consolo musical.
Dizer o que já só tem espaço cá fora,
Dirigido a quem seja especial.
Se pudesse transformar em perfeição
Desde os gestos ao mais simples suspirar
Calaria toda a precipitação
Que impede as pessoas de amar.
Eu queria acender-te o meu pavio
Quando o corredor da vida fica estreito
Em que tudo nos parece como um fio
Bem atado por um polvo.
Naufragando entre sonhos e terror
Dum cinzento, que tem nome de presente,
Só lamento que não vejas no amor
A expressão de uma alma independente.
Mesmo os sonhos devem ser tão bem atados
Como olhares e conversas programadas.
Nessa ânsia de cortar minha raiz,
Desespero de incontida obsessão,
Sujeitando-se a cada ocasião.
Neste, tolo, mundo superficial,
Em que nada acontece sem querer,
Não se entende quem não seja nosso igual
E não pense apenas nesse verbo: “ter”.
E por isso, meu amigo: acredita,
Num trajecto, revelando desencanto,
Mostro a alma de um mero eremita
Escondida no mais puro e simples canto.
Adeus...